Relacionado a um defeito no cromossomo X, o Daltonismo é uma doença visual, que afeta na maioria dos casos os homens, dificultando a identificação de cores, como o verde e o vermelho
A capacidade de enxergar é, sem dúvida, um dos sentidos mais importantes que o ser humano possui. Conseguir identificar objetos, movimentos, pessoas e cores, faz com que a vida tenha um sentido diferente. Agora imagine se você não conseguisse identificar as cores, por exemplo, o vermelho, o verde, ou então o azul, o quanto seria diferente andar pela rua, olhar para o céu, para as árvores ou então para as cores do semáforo. Pois a pessoa que sofre com o Daltonismo, em muitas dessas situações cotidianas, não consegue perceber as cores como elas realmente são.
O médico oftalmologista, DR. Dalton Fernando Longhi, explicou que o Daltonismo ou a Discromatopsia congênita, como também é conhecida, trata-se de uma deficiência em que a pessoa não consegue enxergar, geralmente, as cores vermelho e verde. “Este distúrbio é conhecido desde o século XVIII, tem este nome em homenagem ao químico John Dalton, portador da doença. Ele escreveu um artigo sobre o daltonismo do qual ele e seu irmão sofriam, foi o primeiro estudo publicado sobre esta
deficiência”, relatou.
Percepção das cores
Segundo Longhi, a retina do olho humano possui dois tipos de células fotorreceptoras: os bastonetes e os cones, que possuem diversos tipos de pigmentos fotossensíveis, especializados em diferentes funções. Os bastonetes não interferem na visão das cores. Pois as cores são percebidas pelos cones, que estão mais concentrados na região central da retina.
Segundo o médico oftalmologista, existem três classes de cones na retina, com sensibilidades espectrais diferentes. Um tipo tem receptor azul, outro receptor verde e um terceiro receptor vermelho ou amarelo, que são responsáveis pela percepção das cores.
Nas pessoas daltônicas esses cones apresentam alguma alteração, originada por um defeito genético, ligado ao cromossomo X, que é o que causa a dificuldade na percepção das cores.
Por ser uma deficiência congênita, na maioria dos casos a pessoa já nasce com o Daltonismo. Porém, Longhi ressalta que, além de hereditariedade, as deficiências para identificar cores também podem ser adquiridas como sequelas de doenças oculares ou sistêmicas.
Intensidades do Daltonismo
A intensidade com que se manifesta o Daltonismo pode ser diferente em cada daltônico. Existem os casos em que a deficiência pode atingir os três grupos de cores, vermelho, azul e verde, ou apenas os grupos responsáveis pela visão do vermelho, do verde ou do azul.
Doença dos homens
Por ser uma anomalia ligada ao cromossomo X, o Daltonismo é uma doença muito comum entre os homens, que possui cromossomo XY. As mulheres, que possuem o cromossomo XX, acabam sendo menos afetadas. “Os portadores femininos de apenas um gene anormal da cegueira para cores e um alelo normal no outro cromossomo X tem visão normal de cores. Já o homem tem apenas um cromossomo X, e se este for acometido, será cego para cores”, comentou. A deficiência para vermelho-verde é diagnosticada em aproximadamente 8% da população masculina e 0,4% da população feminina.
Não existe uma idade certa em que a pessoa costuma identificar o Daltonismo. Contudo, é comum que a pessoa descubra que é daltônica quando inicia a vida escolar, quando os professores percebem que a criança tem dificuldade para identificar as cores ou trabalhar com o material didático. Contudo, não é uma regra, até porque as crianças pequenas podem confundir as cores, apesar de terem visão normal. Desta forma, o oftalmologista ressalta que na infância não é uma idade muito fácil de realizar o diagnóstico.
Altamir Lemes da Rosa (Ynho) descobriu que tinha Daltonismo quando estava na escola, com a ajuda da professora nas aulas de artes, que percebeu que ele tinha dificuldade para identificar a cor verde. Ele comentou que a sua dificuldade é que no lugar do verde ele enxerga a cor marrom. Contudo, hoje em dia ele não tem problemas por ser daltônico, até mesmo escolheu uma profissão que segundo ele não seria a mais indicada para quem tem a doença. “Eu sou um caso até bem diferente, porque a área menos indicada para um daltônico trabalhar seria a que eu trabalho, que é a área das comunicações visuais. Claro que no começo eu encontrei dificuldade, precisei pesquisar bastante sobre a doença até para poder me adaptar, mas com o tempo e a experiência no trabalho com as cores me ajudou bastante”, relatou.
Diagnóstico
Para identificar se a pessoa é daltônica, existem alguns testes que podem ser feitos, como as telas policromáticas, das quais Longhi explicou que a mais utilizada habitualmente é a Tabela de Ishiara. “Estas tabelas são formadas por pontos em cores primárias, impressos sobre um fundo de pontos parecidos que confundem as cores. Estes pontos são posicionados de modo a formar, por exemplo, um número, que são incapazes de serem percebidos por pessoas que possuem esta deficiência”, relatou.
Tratamento
Infelizmente, o Daltonismo não tem tratamento e o paciente normalmente aprende a conviver com o problema. O fator positivo, é que é uma doença que não se modifica com o tempo, ou seja, não piora. Contudo, o oftalmologista alerta que o diagnóstico deve ser feito por um profissional, até para ter certeza que se trata de Daltonismo e não de outras doenças, de ordem sistêmicas ou oculares, que tenham sequelas que possam ser confundidas com a deficiência na percepção de cores.
Fonte: Portal Ler para Ver