Deslizes no uso causam 2 em cada 10 contaminações na córnea. Calor aumenta o risco

A opacidade da córnea, lente externa do olho, é a terceira maior causa de cegueira global de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Afeta no mundo um dos olhos de 30 milhões de pessoas e os dois olhos de 10 milhões. Segundo o oftalmologista Dr. Leôncio Queiroz Neto, no Brasil o mau uso de lente contato é uma importante causa das opacificações. Isso porque, os prontuários do hospital mostram que 2 em cada 10 usuários usam lentes vencidas ou cometem falhas na manutenção, armazenamento.

O especialista diz que no verão o risco de opacificações decorrentes desses deslizes é ainda maior. Isso porque, o calor cria o ambiente perfeito para a proliferação de bactérias que sobrevivem na pele, água, ar, areia e terra, afirma. “Basta um descuido na limpeza das lentes e do estojo, ou deixar cair uma gota de água dentro do olho para contrair infecção”, afirma. Por isso, não é exagero recomendar jamais entrar na praia ou piscina usando lente de contato. Afinal, a água é o principal veículo transmissor da acanthamoeba, um parasita que corrói a córnea e é de difícil controle.

Sinais de alerta

Queiroz Neto afirma que os sinais de contaminação da córnea pelo mau uso de lente são: dor nos olhos, vermelhidão, sensação de corpo estranho, lacrimejamento, diminuição da visão e sensibilidade à luz. Ficar com os olhos vermelhos depois de um dia inteiro na praia pode sinalizar só uma irritação passageira, mas também pode indicar uma infecção. Por isso, ao primeiro desconforto a recomendação é retirar a lente do olho e consultar um oftalmologista imediatamente.

Como higienizar

O especialista afirma que um erro comum cometido na manutenção das lentes de contato é lavar com soro fisiológico. A única forma de eliminar os micro-organismos é lavar e enxaguar com solução higienizadora tanto as lentes quanto o estojo. Caso aconteça uma reação alérgica a alguma substância da solução higienizadora, Queiroz Neto afirma que o último enxague pode ser feito com soro fisiológico de dosagem única para hidratar a lente. Isso porque o soro não tem conservante e se ficar guardado depois de aberto contamina os olhos caso seja aplicado nas lentes.

Retire a lente durante o sono

Queiroz Neto ressalta que até as indicadas para uso noturno devem ser retiradas durante o sono. Isso porque, quando estamos acordados a córnea se alimenta da lágrima e do oxigênio retirado do ar. Quando dormimos além da produção da lágrima ser menor, a lente funciona como uma barreira entre a córnea e o filme lacrimal. Resultado: dormir com lente aumenta em 10 vezes o risco de contaminação da córnea.

Atenção ao prazo de validade

No Brasil o tipo de lente de contato mais usada é a gelatinosa de descarte diário, semanal ou mensal. O problema é que muitos usuários não descartam a lente de acordo com o prazo de validade para economizar. “Quem usar lentes vencidas chega ao consultório com os olhos contaminados,” adverte.

Passo a passo

As principais recomendações do oftalmologista para preservar a córnea são:

  • Lavar cuidadosamente as mãos antes de manipular as lentes;
  • Usar solução higienizadora para limpar e enxaguar lente e estojo;
  • Friccionar as lentes para eliminar completamente os depósitos;
  • Não usar água ou soro fisiológico na limpeza;
  • Retirar as lentes antes de remover a maquiagem e quando usar spray no cabelo;
  • Colocar as lentes sempre antes da maquiagem;
  • Guardar o estojo em ambiente seco e limpo;
  • Trocar o estojo a cada quatro meses;
  • Respeitar o prazo de validade das lentes;
  • Jamais dormir com lentes, mesmo as liberadas para uso noturno;
  • Interromper o uso a qualquer desconforto ocular e procurar o oftalmologista;
  • Retirar as lentes durante viagens aéreas por mais de três horas;
  • Não entrar no mar ou piscina usando lentes.

Fonte: assessoria de comunicação do Instituto Penido Burnier