Oftalmopediatra alerta para problemas que vão do ressecamento dos olhos a miopia e estrabismo

A reclamação de sentir os olhos secos observada pela mãe de Diogo, de 11 anos, foi o alerta. Longe da escola, das atividades rotineiras e dos amigos por conta do isolamento social, e com a necessidade de assistir às aulas diárias pelo computador, além do gosto pelos games, o garoto chegava a passar até 10 horas na frente das telas. Preocupada, a gerente de telemarketing Fátima Lemos não hesitou na hora de buscar ajuda profissional para avaliar o filho. "Percebi que ele estava piscando mais do que o normal e que, em alguns momentos, apertava os olhos na frente da tela para enxergar melhor. Imediatamente, decidi levá-lo ao oftalmologista para uma consulta e verificar se havia algo errado", conta.

De fato, os olhos secos, o que induz qualquer pessoa a piscar mais para lubrificar a vista, assim como dores de cabeça e visão embaçada, são sintomas que estão sendo cada vez mais relatados por crianças e adolescentes nas consultas oftalmológicas. A pandemia e o isolamento ocasionado pelo novo coronavírus fizeram com que as escolas adotassem o ensino à distância e, consequentemente, o uso de aparelhos eletrônicos para as aulas online. Além disso, nota-se que, sem poder sair de casa, os jogos eletrônicos, filmes e conversas por aplicativos se tornaram indispensáveis na rotina. "Tenho também outro filho pequeno, de cinco anos, que gosta de imitar o irmão mais velho. Mas para ele, as atividades mais lúdicas acabam ajudando a evitar o tempo na frente do computador. Estou trabalhando de casa e, em constantes reuniões, sempre fico de olho no tempo em que eles passam na frente do computador, até para acompanhar que tipo de conteúdo é acessado", relata Fátima.

A consulta com o Dr. Cristiano Correia, especialista em oftalmopediatria e estrabismo, foi esclarecedora. "Ele receitou um colírio antialérgico e orientou um controle ainda maior do tempo em que o Diogo passa na frente do computador. Passamos a reforçar o cuidado, mais do que já estávamos tendo, com isso dentro de casa. Ele sente muita falta da escola e da interação com os amigos, isso faz com que lidar com essa situação seja ainda mais difícil. Com as orientações do médico, ele está bem melhor. Em seis meses, teremos o retorno ao para acompanhamento, mas já observamos uma grande melhora, adotando os cuidados recomendados pelo profissional. A consulta foi ótima e já me sinto mais tranquila", complementa a mãe.

Para o especialista, o tempo excessivo em frente aos aparelhos, seja celular, tablet ou computador, pode prejudicar a visão das crianças. "Ficar muito tempo e muito próximo aos equipamentos podem trazer vários problemas, como ressecamento ocular, cansaço visual, dor de cabeça e podem até acelerar miopia ou provocar estrabismo", afirma Dr. Cristiano.

Para amenizar os possíveis danos ocasionados pelos ‘gadgets’, o oftalmopediatra pontuou algumas medidas durante a presença na frente das telas:

- Aumentar a distância em frente ao aparelho. O ideal seria fazer a aula no computador ou mesmo projetar na TV;

- Manter o aparelho a uma altura abaixo dos olhos, o que mantém as pálpebras baixas, diminuindo o ressecamento;

- Piscar mais enquanto estiver em frente à tela;

- Fazer pausas de 10 minutos a cada hora, fixando os olhos em algum objeto longe, de no mínimo seis metros de distância. Olhar pela janela já ajuda;

- Assistir às aulas em um cômodo que tenha bastante iluminação natural, mas que não incomode a visão, como o reflexo do sol na tela.

O profissional também alerta para não fazer uso de colírios ou lubrificantes oculares sem consultar um oftalmologista, que irá indicar o tratamento necessário. O ideal é ir uma vez ao ano, ou antes, quando houver alguma queixa.

 

 

 

 

 

 

Fonte: Portal SEGS