A imagem por ressonância magnética (RNM) começou a ser utilizada por volta do ano de 1990 para o estudo de malformações cerebrais do feto, em razão de sua inocuidade e de importantes precisões que esta técnica proporciona em relação a ecografia.
 
A semiologia do olho fetal normal foi estabelecida e a RNM permite, atualmente, completar o estudo das principais malformações oculares diagnosticadas na ecografia. As sequências RNM mais utilizadas no feto são as sequências rápidas em T2 que permitem obter uma dezena de cortes em trinta segundos, uma aquisição rápida indispensável levando em conta a mobilidade do feto. Os exames são realizados em ambulatório e a duração média do exame é de 30 minutos. A RNM é bem tolerada pelas mulheres grávidas com exceção de casos raros de claustrofobia. A análise das estruturas oculares fetais em RNM difere da análise por ultra-sons no plano qualitativo e quantitativo.
 
O globo ocular fetal aparece como uma esfera em hipersinal, branco, com parede bem circunscrita, as diferentes camadas constitutivas não sendo identificáveis. O cristalino é visível como um hipossinal, negro. As fendas palpebrais, os nervos ópticos e o quiasma podem igualmente ser estudados pela RNM. As glândulas lacrimais e o ducto nasolacrimal são visíveis em hipersinal liquido. A colocação em evidência dos músculos oculomotores é mais difícil. A artéria hialóidea e a artéria oftálmica não são visualizadas.
 
A RNM fetal é útil somente em complemento da ecografia diante da descoberta de uma anomalia ocular a fim de confirmar as anomalias e verificar a anatomia encefálica em razão das associações malformativas. Contribuições da RNM no exame de olho fetal.

As medidas dos diâmetros do globo (ântero-posterior, transverso e altura) permitem confirmar uma microftalmia uni ou bilateral. A anoftalmia uni ou bilateral é confirmada diante da ausência dos globos, na região orbitária associada a uma micro-órbita. A RNM contribui aqui para a qualidade da análise das estruturas ósseas.
 
Os hipertelorismos, caracterizados por uma diminuição da distância interorbitária ou epicanto interno, fazem antes de toda procura uma holoprosencefalia em que a RNM precisará o tipo. Os hipertelorismos são associados as disostoses e às fendas craniofaciais em que a exploração é enormemente facilitada pelos recursos da RNM pré-natal. A RNM é particularmente contributiva nas sínteses complexas.
 
Dessa maneira, diante da associação à ecografia de anomalias oculares (catarata, displasia retiniana, microftalmia...) e de uma dilatação ventricular cerebral, a RNM permitirá confirmar uma síndrome de Walker-Warburg (autossômica recessiva) pondo em evidência uma lissencefalia cerebral (ausência de sulco e circunvoluções). As dilatações benignas do saco lacrimonasal ou dácriocistoceles são frequentes no feto.
 
Deve-se diferenciar os cistos dermóides ou epidermóides faciais (excepcionais no feto) das encefaloceles anteriores. Em regra geral, a ecografia é necessária e suficiente no diagnóstico. Nos casos diagnósticos diferencial difícil teremos que recorrer à RNM.

Por Prof. Leandro Rhein


Fonte: Opticanet