A Associação de Balé e Artes para Cegos foi criada pela bailarina e fisioterapeuta Fernanda Coneglian Bianchini há 15 anos. A entidade oferece aulas gratuitas de balé clássico, sapateado, dança de salão, canto e expressão e conta com 70 alunos.

De acordo com a fisioterapeuta, desde 2005, a associação começou a receber estudantes com outros tipos de deficiência. "Reservamos 10% das vagas para alunos que não sejam cegos".

Além das aulas de dança, a entidade também tem o objetivo de qualificar profissionais da área de dança que tenham interesse em trabalhar com deficientes. "As meninas que começaram a treinar há muitos anos superaram as dificuldades. Uma delas, agora, é professora da associação".

Fernanda afirma que algumas de suas bailarinas fazem apresentações em empresas e em escolas. "Elas recebem cachê para dançar e para participar de diversas apresentações. Em fevereiro, nos apresentamos em Buenos Aires, na Argentina. Já nos apresentamos no Brasil inteiro, até como forma de motivar quem nos
assiste", afirma.

Essas apresentações também servem para tratar de inclusão social. "A sociedade fala em inclusão, mas muitas vezes ela não acontece de fato. Algumas empresas contratam deficientes por causa das cotas, mas não há uma interação entre as pessoas que enxergam e os cegos. Com o balé, mostramos que não há limites para os deficientes".

Segundo a bailarina, muitas alunas são pobres, e o dinheiro que ganham com os cachês ajuda no orçamento doméstico. "Nosso objetivo é fazer 20 apresentações por mês".

A bailarina Geyza Pereira, 25 anos, conta que ficou cega aos nove anos e que, um ano depois, começou a fazer balé na associação. Atualmente, Geyza dá aulas de balé.

"No início, imaginava como conseguiria fazer os movimentos como as bailarinas que, quando era criança, via na televisão. Hoje, eu mostro isso para as minhas alunas". Geyza e outras duas colegas da companhia estão nos Estados Unidos para fazer um curso de balé.

De acordo com Fernanda Bianchini, o funcionamento do curso só foi possível com a ajuda de empresas patrocinadoras.




Fonte: Agora São Paulo