Associação de procedimentos reduz perda visual provocada pelo ceratocone. Só 37% dos portadores descobrem a doença logo no início!
Visão embaçada, enxergar imagens fantasmas ou duplas, fotofobia e mudança frequente no grau dos óculos são problemas vividos por 1 em cada 2000 brasileiros, que são portadores de ceratocone. A doença que geralmente aparece na adolescência, responde por 70% dos transplantes de córnea. Isso porque, afina e dilata a porção central responsável pelo eixo da visão, induzindo à miopia e ao astigmatismo.
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, a boa notícia é que a combinação de procedimentos pode adiar e até impedir o transplante. O maior desafio do ceratocone, afirma, é o diagnóstico precoce. A prova disso é um levantamento que acaba de fazer nos prontuários de 504 portadores atendidos no hospital durante os últimos três anos. Mostra que só 186 (37%) descobriram a doença logo no início. Para piorar, 9 em cada 10 declaram que são alérgicos e por isso costumam coçar os olhos. “A fricção frequente das pálpebras fragiliza as fibras de colágeno da córnea e pode acelerar a evolução do ceratocone”, afirma.
Quando maior a progressão, ressalta, mais complexo e caro se torna o tratamento. Para diminuir a alergia alguns pacientes precisam usar colírio anti-histamínico que só deve ser aplicado sob supervisão médica já a coceira pode não ser decorrente de alergia, alerta. A dica do médico para diminuir o desconforto sem colocar a saúde dos olhos em risco é usar sobre as pálpebras compressas de água filtrada gelada.
Tratamentos mais eficazes
A combinação de terapias potencializa o resultado do tratamento. No grupo de pacientes avaliados pela equipe do hospital os resultados alcançados nas associações terapêuticas e tratamentos isolados foram:
TERAPIA | PROPOSTA | RESULTADO |
Crosslink riboflavina (vitamina B2) + ultravioleta | Aumentar a resistência da córnea e estabilizar a doença | Estabilização de 70% do ceratocone inicial e intermediário |
Implante de anel | Aplanar e evitar o transplante da córnea | Evita 80% dos transplantes. |
Crosslink + PRK (refrativa por excimer laser) | Mais resistência e acuidade | Estabilização e ganho de acuidade visual em 95% dos casos. |
Crosslink +anel | Enrijecimento e estabilidade da córnea para evitar o transplante | Evita 90% dos transplantes |
O intervalo entre um procedimento e outro deve ser de seis meses. Ele diz que a introdução do laser femtosecond na oftalmologia tornou o implante de anel mais seguro e previsível.
Tanto que a precisão da profundidade do corte a laser diminuiu o tempo de recuperação do implante de anel de 90 para 30 dias. O procedimento se tornou menos perigoso, inclusive para portadores de ceratocone com maior afinamento da córnea.
"Alguns pacientes que já estavam inscritos na fila de córnea se livraram do transplante com o implante a laser do anel associado ao crosslink", afirma. Para ele mais estudos precisam ser feitos sobre as novas terapias, mas o número de transplantados por causa da doença só tende a cair.
Fone: LDC Comunicação