20 de Abr de 2024

Vermelhidão, ardência, coceira, sensação de corpo estranho, fotofobia e visão embaçada são alguns dos sintomas da doença

colirio

A chegada do inverno tem muitos significados para os moradores da região Centro-Oeste. A floração dos ipês e a beleza do céu sem nuvens vem acompanhada da baixa umidade do ar, que provoca uma série de desconfortos já velhos conhecidos dos brasilienses.  A saúde ocular é uma das mais afetadas pela estiagem que predomina nos meses de julho, agosto e setembro no DF: dados de 2018 do Serviço de Oftalmologia da Secretaria de Saúde mostram que, nessa época do ano, os atendimentos oculares aumentam em 25%, sendo a Síndrome do Olho Seco uma das maiores causas. "A síndrome do olho seco ocorre quando há evaporação excessiva das lágrimas e/ou sua produção é insuficiente. O paciente chega ao consultório geralmente com o olho bem avermelhado, se queixando de ardência, coceira, sensação de corpo estranho (areia), fotofobia, cansaço ocular, e até visão embaçada. E os fatores ambientais, como por exemplo esse clima mais seco que o habitual, a exposição excessiva do uso das telas e a própria máscara — que usada de forma inadequada, joga ar quente nos olhos —, podem acelerar a perda de lágrimas e gerar os sintomas mesmo em olhos normais", diz o oftalmologista Dr. Eduardo José Rocha, especialista em Olho Seco, Alergias, Superfície Ocular, Pterígio, Blefarite, hordéolo e calázio.

Segundo o especialista, usuários de lentes de contato estão particularmente sujeitos a desconforto, já que a maior evaporação da lágrima aumenta o atrito das lentes com a superfície ocular, podendo provocar irritação e até mesmo lesões corneanas. A produção lacrimal também pode ser afetada ainda pelo uso de alguns medicamentos, como antidepressivos, anticoncepcionais orais e anti-histamínicos; por doenças sistêmicas (síndrome de Sjogren, artrite reumatóide e lúpus) e lesões diretas às glândulas lacrimais ou às estruturas relacionadas a sua regulação, como, por exemplo, queimaduras químicas oculares. A evaporação excessiva pode surgir isoladamente ou acompanhando a diminuição da produção lacrimal e normalmente ocorre em decorrência de doenças perioculares, como a blefarite, ou pela exposição excessiva da superfície ocular. "Casos mais graves da síndrome do olho seco podem levar a alterações permanentes da superfície ocular, como aderências e cicatrizes podendo, inclusive, resultar em uma baixa significativa da visão", alerta o Dr. Eduardo.

No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Portadores de Olho Seco (APOS), entre 13 e 24% dos brasileiros — cerca de 18 milhões de pessoas — sofrem com a doença no Brasil. Estima-se que 2/3 dos casos são evaporativos, relacionados à disfunção das glândulas meibomianas. "O filme lacrimal tem três componentes: muco, água e gordura, que equilibrados dão essa proteção ao olho. A função da camada de gordura, produzida pelas glândulas palpebrais de Meibomius, é reduzir a evaporação. Quando alterada, leva a um desequilíbrio e causa o olho seco", explica.

Estatísticas do 1º Simpósio sobre a Síndrome do Olho Seco, realizado fim de 2018, no México, apontam que cerca de 337 milhões de indivíduos já foram diagnosticados com a doença no mundo, sendo que as mulheres são potencialmente mais afetadas, cerca de 10 vezes mais do que os homens. E pesquisa da Society for Women's Health Research acrescenta que aproximadamente 61% das mulheres na perimenopausa e na menopausa sofrem com a secura e a coceira nos olhos. "Isso se deve provavelmente a ação dos hormônios, já que a baixa nos níveis hormonais afeta os tecidos oculares e a composição das lágrimas", avalia o oftalmologista.

O diagnóstico da patologia também vem aumentando entre crianças e adolescentes. Estudo publicado pelo jornal da British Contact Lens Association (BCLA), em 2021, mostrou que um dos principais responsáveis por isso é o uso prolongado dos eletrônicos. "A exposição por muito tempo a vídeos e imagens em movimento pode prejudicar a visão já que o foco nas telas reduz quase pela metade a quantidade de piscadas, o que influencia na evaporação do canal lacrimal tornando a lubrificação insuficiente e ocasionando o ressecamento dos olhos. O excesso de lacrimejamento também pode ser sintoma de olho seco, pois esse é um sinal de que os olhos estão tentando compensar a falta de umidade", completa.

Como a enfermidade não tem cura, as intervenções médicas visam aliviar os sintomas e o intuito é preservar ou repor a lágrima, mantendo a integridade da superfície ocular. Entre os tratamentos disponíveis estão lágrimas artificiais em gota, colírios imunomoduladores (que controlam o processo inflamatório da superfície ocular), medicamentos secretagogos (que estimulam a produção de lágrima), antibióticos, utilização de aparelhos que emitem a  luz pulsada (que melhoram a função das glândulas de Meibomius) e, em situações específicas, é possível fazer a oclusão dos pontos lacrimais, diminuindo a drenagem da lágrima, que permanece por mais tempo na superfície ocular. Além disso, algumas medidas podem ser adotadas para minimizar os sintomas, como o uso de umidificadores de ambiente, evitar que o ar-condicionado ou ventilador fiquem direcionados ao rosto e programar pequenos intervalos durante o uso dos eletrônicos. "A correta identificação de fatores que contribuam para o olho seco é essencial para determinar o tratamento específico mais adequado para cada caso. Tão importante quanto um diagnóstico correto é o tratamento adequado. Ao aparecimento dos primeiros sintomas, procure seu oftalmologista ", finaliza o Dr. Eduardo Rocha.

 

 

 

 

 

 

Fonte: assessoria de comunicação do Grupo Opty