02 de mai de 2025
Paralelo ao controle alimentar, os  portadores de diabetes devem ter em mente que a doença não se resume apenas a questões alimentares. Para o oftalmologista  Paulo de Souza, especialista em retina, é necessário que haja uma campanha de conscientização mais abrangente sobre os perigos da diabetes em relação à visão.  “Os médicos devem encaminhar seus pacientes, quando diagnosticada a doença, ao oftalmologista. Nunca se sabe em que estágio a retina de um portador de diabetes está. É aí que mora o perigo”. 

Somente através de um exame de fundo de olho é possível verificar se o paciente tem ou não a retinopatia diabética, causadora da cegueira. Quando detectada num estágio inicial, pode ser tratada e estagnada, mas não revertida. Por ser uma doença silenciosa, assim como a diabetes em si, muitos portadores só descobrem que a têm quando começam a perder o campo visual, o que se dá com mais de dez anos portando a diabetes, em média. A perda de visão por retinopatia diabética é causada por alterações vasculares na retina que gradualmente vão levando à cegueira. 

Com uma vida regada a sonhos e desejos, Walter Antero Gomes Ribeiro tem a esperança de voltar a enxergar e poder realizar tudo aquilo que tem em mente. Porém, o processo é lento e uma vez perdida a visão por retinopatia, ela não pode ser mais recuperada. Os processos cirúrgicos apenas têm o objetivo de estacionar o avanço da cegueira, com intervenções médicas como a vitrectomia e a aplicação de avastin. “Muita gente não sabe a gravidade das alterações oftalmológicas que vem em associação com a diabetes”, afirma  Paulo de Souza.

Controle pode amenizar as complicações da diabetes

As complicações do diabetes se classificam em agudas, que são aquelas que se desenvolvem rapidamente (horas ou dias), ou crônicas, que se desenvolvem lentamente, com a piora de sintomas. Ambas são graves, porém podem ser evitadas com o controle dos níveis glicêmicos (açúcar no sangue). 

As complicações agudas mais comuns são coma ceto-acidótico, que ocorre quando os níveis de glicose estão muito altos e não há insulina em quantidades suficientes para metabolizar essa glicose, as gorduras e proteínas armazenadas começam a ser quebradas, produzindo paralelamente substâncias conhecidas como corpos; coma hiperosmolar que é consequência de uma carência grave  de insulina  e a hipoglicemia, quantidade de açúcar no sangue menor que a normal. 

As complicações crônicas são lesões de nervos (neuropatia periférica ou autônoma), lesão renal (nefropatia, que levam à necessidade de hemodiálise), lesões na retina (retinopatia, que pode levar a cegueira), necrose de extremidades e infecções. Além destas, nos homens, a diabetes causa impotência sexual, candidíase e ejaculação retrógrada. A função erétil só é regulada com o controle do índice de glicose no sangue, que resulta numa circulação sanguínea mais uniforme.

Como detectar a doença e manter os níveis sob controle

O processo para detecção da doença é simples. Através de um exame conhecido como teste de glicemia, que não leva mais do que dois minutos para ser feito, a pessoa saberá se tem ou não diabetes. O exame precisa ser feito em jejum, pois checa a dosagem de açúcar na corrente sanguínea. Uma pessoa normal terá taxa inferior a 100mg/dl de glicose. Entre 100mg/dl e 126mg/dl, o indivíduo é diagnosticado como intolerante à glicose. Em outras palavras, não é diabético mas também não pode ser considerado normal.

A partir de 126mg/dl pode-se diagnosticar a doença. Mesmo assim, faz-se necessária a repetição dos exames além da checagem dos sintomas externos. O tratamento da doença é relativamente simples. Os diabéticos do tipo I, que dependem da insulina, são tratados com aplicações deste hormônio. No variação do tipo II, existem medicações que podem agir tanto estimulando a produção de insulina pelas células beta do pâncreas, como também facilitando a ação da insulina nos tecidos. 

Porém, o cuidado essencial deve ser com a alimentação. Não significa que o diabético terá uma restrição especial, visto que, a dieta do portador da doença está se aproximando cada vez mais da dieta de uma pessoa normal. Deve-se ter cuidado com bolos, biscoitos recheados e algumas guloseimas. Esses alimentos não devem substituir refeições e nem podem ser ingeridos frequentemente por diabéticos ou até mesmo pessoas sadias. 

Pesquisas apontam que 80% dos diabéticos estão acima do peso. Ou seja, é necessário um cuidado extra com a alimentação por essas pessoas. O indivíduo deve seguir regras em relação aos horários e fazer uma dieta que contemple todas as vitaminas e nutrientes necessários à sobrevivência. Com o controle da doença, o portador da diabetes pode levar uma vida normal.
 
 
 
Fonte: Tribuna do Norte