Estados Unidos aprovam segundo teste em seres humanos com terapia de células-tronco
A Administração de Drogas e Alimentos nos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) autorizou, no final de novembro, o segundo teste em seres humanos com uma terapia de células-tronco de embriões. Desta vez, o alvo é tratar uma doença grave dos olhos chamada degeneração macular de Stargardt. Os testes serão realizados em 12 voluntários pela empresa de biotecnologia Advanced Cell Technology (ACT).
Em outubro, a Geron foi a primeira a receber aval do governo americano para testar a terapia em pessoas com lesões de medula espinhal. As duas companhias contam com recursos privados para os testes. Só a Geron investiu, em pouco mais de uma década, US$ 170 milhões nessa área.
Em 2009, o governo de Barack Obama revogou restrições ao financiamento público, mas a decisão encontrou forte oposição de grupos religiosos e até de cientistas contrários ao uso de embriões humanos em pesquisas, e ainda é motivo de disputa judicial. Agora a ACT, a primeira companhia de biotecnologia a clonar embriões humanos para estudos, em 2001, está autorizada a testar seu método a partir do início de 2011.
Para Robert Lanza, diretor científico da companhia, é o início de uma "nova era" nas terapias com células-tronco. Sua equipe está usando células embrionárias para produzir o epitélio pigmentário retinal. Este tecido tem os fotorreceptores responsáveis por captar a luz no olho, porém eles morrem nas pessoas que sofrem de degeneração macular, como a doença de Stargardt. O resultado é uma visão borrada, dificuldade para enxergar em baixa luminosidade e perda de visão. "Vamos usar as embrionárias para criar novas populações dessas células que serão transplantadas para o paciente. A ideia não é só evitar a progressão da doença em si, mas restaurar a função visual", disse Lanza.
O transplante é feito injetando as células no olho para que os pacientes possam recuperar a capa de fotorreceptores. Nessa fase, o objetivo é provar a segurança do método. Em animais, sinais de melhora visual apareceram nas primeiras seis semanas. "Houve melhora de 100% na visão dos animais, sem efeitos adversos", explicou.
Os três primeiros pacientes receberão 50 mil, 100 mil e 200 mil células embrionárias. Elas foram obtidas de embriões excedentes de tratamentos de fertilidade, e podem se converter em qualquer tecido. Os embriões não foram destruídos porque as células foram geradas a partir de uma única célula, na fase em que eles têm oito.
"Depois de uma década de intensa polêmica, estamos prontos para provar que essas células funcionam e podem ajudar a pessoas que sofrem de doenças terríveis, como no caso da doença de Stargardt, que afeta crianças", afirmou Lanza. "Se temos a capacidade de usar células que podem ser cultivadas para prevenir que crianças e adultos percam a visão, acredito que, como médico, seria muita irresponsabilidade não tentar esse tipo de tratamento", completa.
O protocolo americano será desenvolvido em vários centros, como o Casey Eye Institute, a Universidade de Massachusetts e a Escola de Medicina New Jersey.
Fonte: Opticanet