15 de Mai de 2024
Certo dia a brincalhona Íris, uma cachorrinha da raça poodle, começou a cair da poltrona em que costumava brincar e a se bater nos móveis da casa. Desconfiada, sua dona Daisy Endler passou a prestar mais atenção aos movimentos da pequenina, até que resolveu levá-la à veterinária. Íris passou por alguns exames de rotina, testes específicos e foi diagnosticada catarata no olho direito.

Quando tudo começou, em 2007, a cachorrinha tinha apenas 3 anos e era considerada nova demais para ser acometida pelo problema, mesmo sendo de uma raça em que a doença é comumente diagnosticada.
 
Para corrigir o problema, Íris teve de passar por um procedimento de nome complicado, a facoemulsificação, com implante de lentes intraoculares. Esse procedimento cirúrgico, considerado novo, permite a correção da doença e o sucesso no pós-operatório é de 95% dos casos. Porém, diferentemente de Íris, nem sempre os donos percebem o problema a tempo e quando se dão conta de que há algo errado, a doença já tomou cerca de 60% da visão do bichinho.

Procedimento - Como é realizada a cirurgia

O facoemulsificador é uma espécie de caneta com uma ponta de aço, que vibra em velocidade maior que o som, irrigando o cristalino. Essa vibração produz a energia que fragmenta o núcleo opaco nos olhos do animal, onde está a catarata.

O procedimento, segundo o médico veterinário João Alfredo Kleiner, é parecido com o realizado em seres humanos, com a diferença de ser necessária anestesia geral. A cirurgia dura entre 50 minutos e 1 hora e custa, em média, R$ 3 mil.

As lentes são feitas de acordo com as necessidades do paciente, observando o formato dos olhos e o poder refrativo da lente. Não causam rejeição, se adaptam com facilidade e não é preciso trocá-la. A escolha pelo implante é feita na hora da cirurgia e os pacientes que não colocam a lente voltam a enxergar bem apenas de longe.

No passado, para corrigir o problema, era realizada a facectomia extra capsular, mas hoje ela não é mais utilizada, segundo o médico veterinário Ricardo Maia, especialista em oftalmologia veterinária e conselheiro do Conselho Regional de Medicina Veterinária.

Sinais

O médico veterinário João Alfredo Kleiner conta que o sinal mais comum da doença é a perda progressiva da acuidade visual, ou seja, a nitidez ao enxergar um objeto.

“Os animais afetados pela doença perdem a noção de movimento. Não conseguem acompanhar uma bolinha lançada pelo dono, por exemplo”. A hereditariedade, segundo ele, é a causa mais comum. “É possível também que inflamações, traumas, doenças da retina e até a diabete sejam responsáveis pela catarata”, 
completa.

Diagnóstico precoce

Segundo o médico, é importante observar sempre os olhos do animal, que às vezes apresentam vermelhidão, lacrimejamento excessivo e aversão à luz. “Nesses casos é necessário o acompanhamento médico, porque é sinal de inflamação intraocular, geralmente ocasionado pela catarata. O diagnóstico eficaz faz a diferença”, segundo Kleiner. Como não há formas de prevenir, a cirurgia é a única solução para o problema.

Operação

Os resultados da cirurgia são percebidos logo nos primeiros dias. A recuperação leva até 30 dias e durante esse tempo é necessário o uso de colírios específicos recomendados pelo médico veterinário. Além disso, nos 15 primeiros dias é preciso usar um colar elisabetano para proteger a área da cirurgia. “Cuidamos da Íris durante um mês para a recuperação definitiva. No começo precisávamos ajudá-la até a comer, mas foi recompensador”, afirma a dona.

No início de novembro a poodle passou por outro procedimento. Desta vez foi o olho esquerdo que apresentou a doença. O diagnóstico foi possível porque a família passou a acompanhar de perto a poodle, com exames periódicos. Ela passa bem e inclusive se prepara para ir à praia.




Fonte: Animais SOS