15 de Mai de 2024
Já em prática no Brasil, o Cross Linking é a opção para diminuir o transplante de córnea

Dados de 2009 apontam que cerca de 70% dos pacientes que estavam na fila por um transplante de córnea sofrem de ceratocone, doença que torna a córnea “bicuda” e, assim, degenera a visão. Porém, um tipo de tratamento, já implantado no Brasil, está contibuindo para diminuir este número: o Cross Linking.

Segundo o oftalmologista Dr. Pedro Piccoli, o Cross Linking é um tratamento cirúrgico que visa estabilizar o ceratocone e está indicado principalmente para os casos mais brandos e iniciais da doença, quando esta mostra sinais objetivos de evolução. Antes desta técnica, o transplante de córnea e a implantação dos anéis intracorneanos (segmentos de anéis de acrílico transparente que são implantados na própria estrutura da córnea para dar maior solidez e estabilidade) eram as soluções mais recorrentes.

O Cross Linking é um procedimento terapêutico bem menos agressivo do que os demais. O transplante de córnea, por exemplo, traz diversos riscos, como alto astigmatismo, anisometropia, rejeição, infecção, glaucoma e catarata. Além de ser menos invasiva, a nova terapia consegue controlar a progressão do 
ceratocone pós-cirurgia.

O processo cirúrgico

Durante o processo cirúrgico, o epitélio da córnea é retirado por meio de raspagem com um instrumento especial. Aplicam-se de cinco em cinco minutos gotas de colírio Riboflavina a 0.1% (vitamina B12), que é absorvido pela córnea. Em seguida, emite-se raios Ultravioleta A (diferentes dos raios solares Ultravioleta C), absorvidos pela Riboflavina. O paciente permanece por três ou quatro dias com lentes de contato para cicatrização do epitélio corneano.

A luz Ultravioleta A aumenta a resistência e a rigidez da córnea, interrompendo, deste modo, a evolução do ceratocone. Segundo Piccoli, o uso de óculos ou lentes de contatos poderá continuar sendo necessário como auxílios óticos.

Antes e após o procedimento, o paciente necessita submeter-se a avaliações oftalmológicas periódicas para monitorar principalmente as eventuais alterações da curvatura e da espessura corneana, além, evidentemente, de outros parâmetros oculares.

Sintomas do ceratocone

Dor de cabeça, coceira nos olhos e dificuldade para enxergar (sensação de visão com “fantasmas”) mudanças frequentes do grau dos óculos, principalmente dos astigmatismos, são os principais e mais comuns sintomas do ceratocone. 

Segundo Piccoli, a doença tem maiores chances de ser controlada se detectada no início. O ceratocone pode surgir em qualquer pessoa, pricipalmente durante a adolescência. “Nas fases iniciais da doença a abordagem costuma ser simples, e nos casos em que se mostra evolutiva, quase sempre se consegue evitar ou retardar seu avanço”, destaca o oftalmologista.
 
 
 
Fonte: Assessoria de Comunicação Hospital Barigui de Oftalmologia