15 de Mai de 2024
Para ampliar o combate ao comércio livre de lentes de contato e a prática da optometria, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou resolução disciplinando a indicação, adaptação e o acompanhamento do uso de lentes de contato como um ato médico exclusivo.

Seja para correção visual ou apenas para mudar a cor dos olhos, lentes de contato requisitam consulta médica, exames complementares, avaliação clínica da escolha do produto, processos de adaptação e controle médico periódico. A resolução também define que somente o oftalmologista pode determinar as
características das lentes (material, modelo, desenho e outros parâmetros técnicos) para cada caso.

O oftalmologista Marco Túlio Ribeiro Coqueiro afirma que a nova resolução do CFM tem o objetivo de evitar a banalização do comércio de lentes de contato e danos, até irreversíveis, à saúde dos olhos. As coloridas podem ser compradas pela internet. Algumas óticas prescrevem sem cerimônia lentes de grau, geralmente com a ajuda de um optometrista, o profissional que usa um aparelho chamado deoptômetro e que serve para medir a acuidade visual. "Aqui em Teresina é possível comprar sem consulta médica lentes de contato.
Infelizmente", lamenta Marco Túlio.

Somente o oftalmologista está em condições de diagnosticar restrições ao uso de lentes de contato. Há pacientes que querem se livrar dos óculos, mas não podem optar pelas lentes porque os olhos sofrem de secura grave. Usando-as, as lentes podem causar úlcera de córnea, também grave. "A ótica, o optometrista e muito menos a internet estão em condições de fazer um diagnóstico preciso. Por isso se trata de um ato médico exclusivo", explica Marco Túlio.

À pessoa que acha que lentes de contato com finalidade estética são inofensivas, uma informação do oftalmologista piauiense: "80% da oxigenação dos olhos vêm do próprio ar. As lentes mudam a fisiologia das córneas e podem promover complicações sérias à visão. Não vale a pena arriscar."  

A resolução do CFM esclarece que "as lentes de contato são passíveis de contaminação por agentes agressivos ao olho, como depósitos de lipídios e de proteínas acumulados durante o uso, colônias de microrganismos oriundos do meio ambiente e as próprias substâncias empregadas em sua limpeza; e que o
contato do olho com esses agentes pode levar a reações alérgicas, tóxicas e infecciosas com consequências potencialmente graves".

A indicação de lentes de contato, segundo o CFM, tem que levar em consideração características individuais, anatômicas e funcionais de cada globo ocular. O uso seguro só existirá quando o paciente se subordinar ao exame médico e ao "compromisso de acompanhamento periódico, regular e atento" por parte do seu
oftalmologista.

Um exagero estabelecido no art. 3º da resolução: "Com vistas à segurança do procedimento, a indicação e processo de adaptação devem ser feitas pelo mesmo médico, sendo atos intransferíveis e não compartilhados." E se o paciente tiver que mudar de cidade durante a adaptação?




Fonte: Acesse Piauí