15 de Mai de 2024
Enquanto os estudos sobre a relação da dieta e a prevenção da degeneração macular avançam, a forma mais efetiva de prevenir a doença continua sendo o exame oftalmológico de rotina.

Uma pesquisa americana publicada recentemente no British Journal of Ophthalmology sugere que pessoas que sofrem de degeneração macular relacionada à idade (DMRI) devem seguir dietas ricas em ômega-3 e em alimentos com baixo índice glicêmico. Os pesquisadores basearam suas descobertas em exames feitos em quase 3 mil pessoas. O avanço de duas formas da doença, seca e úmida, foi 25% menor entre os que consumiram uma dieta rica em ácidos graxos, como o ômega-3.

De acordo com o estudo, os ácidos graxos – encontrados em abundância em peixes como salmão e cavalinha – podem desacelerar ou até mesmo frear o progresso da doença. A pesquisa também revelou que pessoas que estavam no estágio mais avançado da doença e que seguiam uma dieta de baixo índice glicêmico – de alimentos que liberam açúcar mais lentamente –, acompanhada de suplementos de vitaminas e minerais antioxidantes, como vitamina C e zinco, parecem ter reduzido o risco do avanço da degeneração em até 50%.

Estudos anteriores também já apontaram que a prevenção da doença está relacionada à ingestão de zinco e antioxidantes, juntamente com a redução da ingestão de gorduras. Agora, a nova pesquisa concluiu que a suplementação é ainda mais efetiva quando associada à ingestão de alimentos que são fonte de ômega-3 e que têm baixo índice glicêmico.

Ainda que não haja uma única causa conhecida para a origem da doença, sabe-se que a idade é o principal desencadeador do problema e que existem outros facilitadores para o aparecimento da degeneração macular, como, por exemplo, o excesso de colesterol no sangue. A exposição à luz solar também pode
desencadear a oxidação na mácula, por ocasionar morte celular na região e degenerá-la.

Fumantes também têm mais propensão à doença, pois o cigarro acelera a oxidação do organismo e favorece a formação de drusas – acúmulos de substâncias tóxicas nas camadas mais profundas da retina.

“As drusas são fortes indicativos de que há propensão para o surgimento da degeneração macular e mostram que o metabolismo está envelhecendo e não tem mais condições de eliminar as substâncias que produz”, diz Virgilio Centurion, médico oftalmologista.

Enquanto os estudos sobre a relação da dieta e a prevenção da degeneração macular avançam, a forma mais efetiva de prevenir a doença ainda é o exame oftalmológico de rotina, que deve ser feito anualmente, sendo que o oftalmologista pode solicitar exames complementares, como a angiofluoresceinografia e a tomografia de coerência óptica (OCT).

“Precisamos também de campanhas para a educação dos pacientes, especialmente os idosos, sobre a existência da doença. É preciso envolver o oftalmologista generalista e o paciente, visando a capacitá-los a realizar a detecção precoce da DMRI, quando as chances de melhora da visão e o controle da doença são
maiores. São necessárias também ações educativas após o diagnóstico da doença, para que o paciente faça o tratamento adequadamente”, destaca Centurion.

Desafios no tratamento da doença

A DMRI atinge especialmente pessoas com mais de 60 anos e pode levar à cegueira se não for tratada. Estima-se que, aproximadamente, 10% das pessoas entre 65 e 74 anos e cerca de 30% das com mais de 75 anos tenham a doença no mundo. De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 2,9 milhões de pessoas com mais de 65 anos sofrem com o problema no Brasil.

A DMRI atinge a mácula, a área nobre e central da retina, responsável por enxergarmos os detalhes e as cores. Com o envelhecimento, a região recebe menos oxigênio e, para compensar essa deficiência, os vasos sanguíneos começam a se reproduzir descontroladamente, rompendo eventualmente e causando manchas que prejudicam a visão.






Fone: Enfermagem E Saúde